domingo, 15 de abril de 2018

Cristão na política, e agora?

     


                 O cristão pode se envolver na política? O que a Bíblia ensina sobre isso?


            Diante da atual situação política no Brasil , num emaranhado de escândalos envolvendo corrupção eu fico aqui me perguntando, como a Teologia pode explicar esse fenômeno? Afinal Deus tem preocupação com as causas de ordem cívica e política? Será que ele está de acordo com o crente que é engajado politicamente?

           Vejamos o que dizem as Escrituras Sagradas: No Novo Testamento não vemos Jesus nem os apóstolos promoverem ensinamentos ao povo, de que o crente deveria ser engajado em questões políticas. Devemos nos lembrar que nos tempos de Cristo o poderio político e econômico pertenciam ao Império Romano, e que Israel era mais uma nação conquistada pelo imperador .

          Porém o próprio Jesus quando indagado pelos fariseus mal intencionados, afim de entregarem as autoridades, sobre pagar ou não o tributo a César (imperador) respondeu: 'Daí a César o que é de César e daí a Deus o que é de Deus.'( Mateus 22:15-22). Isso já nos dá uma ideia de que Jesus era a favor, de que todo cidadão deveria cumprir suas obrigações cívicas.

         O mesmo dá-se a entender na epístola de Paulo aos Romanos, onde ele afirma: ' Todos devem sujeitar-se as autoridades , pois toda autoridade vem de Deus, e aqueles que ocupam cargos de autoridade foram ali colocados por ele.'( Romanos 13:1). Embora nenhum dos dois textos afirmem que o crente deva estar atuando no meio político , parece claro que Deus tem preocupação com as questões de ordem governamental e responsabilidade cívica.

        Agora vamos retroceder um pouco mais no tempo, no Velho Testamento. Quando Josué faleceu, Israel foi subjugada pela Mesopotâmia por 8 anos , até que o primeiro juiz ( Otiniel) fosse instituído . No período dos juízes que girou em torno de 320 anos começamos a perceber indícios de um Israel não só do ponto de vista religioso, mais também político e territorial. Israel buscava se consolidar como futuro Estado numa terra hostil, onde o politeísmo e a idolatria eram gigantescos.

       Logo após iniciou-se o período dos Reis e observamos que o Estado e a Religião andam paralelamente lado a lado. É só observamos a relação de Samuel , o profeta do Senhor com Saul ,primeiro rei de Israel e com Davi, ou a relação de Davi com o profeta Natã, esses homens ( os profetas ) eram de certa forma respeitados pelos reis, ( embora Saul tenha se corrompido e desobedecido a Deus) e atuavam como mediadores entre o poder político exercido pelo rei e a ação de Deus .

       É interessante essa relação estreita da Religião e do Estado, porém sem que ambas fossem uma coisa só. Retrocedendo um pouco mais no tempo, quando Moisés libertou o povo da escravidão do Egito e foram lhe dadas as leis de Deus , podemos observar que a lei em si não servia somente para conduzir o povo nas questões espirituais , mais também servia para instruir o povo a agir de forma ética para crescimento do povo hebreu como futuro Estado.

       Na figura de Moisés percebemos um líder espiritual e governamental do futuro Israel. O mais interessante de tudo isso, foi o conselho de seu sogro Jetro com relação as causas de cunho cívico, militar e político que surgiam no acampamento hebreu, aa quais Moisés deveria resolver, era perceptível que ele estava tendo dificuldades de solucionar todos os problemas do povo sem auxílio.

        Então Jetro falou a Moisés sobre esse dividir as responsabilidades com homens de confiança, para julgar cada caso, Os casos mais difíceis, seriam levados a Moisés. Esse conselho deu tão certo que além de fortalecer as tribos tirou a sobrecarga de responsabilidades de Moisés. De fato isso parece se assemelhar a política , você não acha?

        E se esmiuçarmos a palavra de Deus veremos muitas outras passagens que nos remetem pensar que de fato Deus se importa com as questões políticas , se não, ele não teria dado a lei ao povo. Porém devemos levar em consideração que todos esses eventos aconteceram a vários séculos , num contexto diferente do de hoje, numa terra longínqua com cultura e contrastes diferentes dos nossos.

     Com certeza Deus não é a favor de toda essa corrupção que existe na política nacional. Mais por tudo que foi exposto aqui, eu creio que Deus quer que todo cidadão seja consciente da importância do voto e acho que ele não considera pecado , quando um cristão queira adentrar a política. Embora o Novo Testamento não levante essa questão , acho que se o crente quiser fazer parte da política Deus não desaprovaria.

     O que ele não compactua é com a corrupção , com as crimes e não com intenção do cristão em busca de mudança no cenário político brasileiro. Porém o indivíduo que entra nesse meio deve tomar cuidado para não se corromper, ao cair nas armadilhas dos esquemas de corrupção.

      A nós cristãos nos resta orar pelos nossos governantes e estar atento na  hora do voto, se é que é possível. Sabemos que existe várias pessoas bem intencionadas que não conseguem aprovar seus projetos, por não compactuar com os crimes de corrupção, e acabam sendo suprimidos. Mais é necessário que pessoas realmente sérias e comprometidas tenham coragem de enfrentar toda essa máquina sem se corromper.

                                                                                     Por Lidiane A. S. Sousa

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